Claudia Cardinale, lenda do cinema italiano, morre aos 87

Da Tunísia ao estrelato europeu

Claudia Cardinale nasceu Claude Joséphine Rose Cardinale em 15 de abril de 1938, em La Goulette, então parte do protetorado francês da Tunísia. Ainda adolescente, ela foi descoberta por um agente italiano que a levou para Roma. A primeira oportunidade de olhar para a câmera veio em comerciais de moda, mas logo o convite para o cinema apareceu.

Nos seus vinte anos, a atriz já chamava atenção de diretores renomados. Em 1963, Federico Fellini a escolheu para um papel em , um dos filmes mais citados da história. No mesmo ano, Luchino Visconti a colocou como a princesa Ila em O Leopardo, filme que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. A partir daí, Claudia Cardinale virou sinônimo de elegância e talento no cinema italiano.

Desafios pessoais e a vida sob holofotes

Desafios pessoais e a vida sob holofotes

Apesar da fama, a atriz carregou segredos difíceis. Ainda no início da carreira, engravidou de Patrick, mas o contrato com o produtor Franco Cristaldi impunha a cláusula de não ter filhos. Por medo de perder papéis, ela manteve a gravidez em silêncio por sete anos, lidando com depressão e vigilância constante. Mais tarde, em entrevistas com Enzo Biagi, revelou como aquele período moldou sua postura contra a exploração da indústria.

Nos anos 1970, Cardinale enfrentou a mudança de estilo nas produções europeias, porém continuou sendo requisitada. Trabalhou com Sergio Leone em Era uma Vez no Oeste (1968), filme que solidificou sua imagem de femme fatale. A parceria com diretores fora da Itália, como Joseph L. Mankiewicz, ampliou sua presença nos Estados Unidos, mas ela sempre preferiu papéis que desafiassem estereótipos.

Aos 80, a atriz já acumulava mais de seis décadas de trabalho. Recebeu prêmios como o David di Donatello de Melhor Atriz e o Honra da Cannes. Mesmo assim, a vida pessoal permaneceu reservada: seu filho Patrick só se tornou público depois da morte de seu marido, Franco.

Nos últimos anos, Cardinale mostrou que a idade não diminui o talento. Em 2020, protagonizou a minissérie suíça Bulle, recebendo elogios por sua performance ainda vigorosa. No mesmo período, apareceu em Rogue City, produção da Netflix que rapidamente chegou ao topo dos streamings. O filme trouxe uma nova geração de fãs que descobriram a atriz através de plataformas digitais.

Claudia Cardinale faleceu em 23 de setembro de 2025, em Nemours, França. Sua partida deixa um vazio enorme na sétima arte, mas seu legado permanece vivo nas telas, nos prêmios e nas histórias que ainda são contadas sobre a era de ouro do cinema europeu.