Tesouro IPCA+ 2029 chega a 8,01% ao ano após isenção de IR

Na quinta‑feira, aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, o Tesouro IPCA+ 2029 bateu 8,01% ao ano de juros reais, o maior patamar desde a crise de 2016.

O título, com vencimento em 15 de maio de 2029, passou de 7,91% no dia anterior para 8,01% em apenas 24 horas, refletindo o medo de que a redução de arrecadação não fosse compensada por cortes de gastos. Como explicou William Ribeiro, analista financeiro da XP Investimentos, “quanto maior o risco percebido, maior o prêmio exigido para financiar o Estado”.

Contexto histórico das taxas do Tesouro IPCA+

Desde o lançamento do programa em 2023, a taxa média do Tesouro IPCA+ rondava 4,5% ao ano. Só em 2016, durante o segundo mandato da então presidente Dilma Rousseff, o juro real ultrapassou 8% por causa da profunda recessão e da alta incerteza fiscal.

O salto de 2025, entretanto, tem origem diferente: a política fiscal. A medida que isenta o IR para rendimentos até R$ 5 mil reduz a arrecadação em torno de R$ 35 bilhões ao ano, segundo o Ministério da Fazenda.

Impacto da isenção do Imposto de Renda e da MP 1.303

O governo tentou compensar a perda com a Medida Provisória 1.303, que propunha aumento do IOF e isenção nas tarifas de ônibus. Quando a MP foi rejeitada na Câmara em 8 de outubro, o custo fiscal estimado de Brasil subiu para R$ 46 bilhões até 2026.

Segundo Étore Sanchez, economista‑chefe da Ativa Investimentos, “a mensagem do IPCA de setembro foi estruturalmente benigna, com projeção de inflação em 4,4% para 2025, mas a perda de receita não tem contraponto”.

Reação do mercado e volatilidade

Reação do mercado e volatilidade

Os juros futuros subiram, o Ibovespa recuou mais de 1% e o dólar ganhou alguns centavos frente ao real. Na sexta‑feira, 9 de outubro, as taxas recuaram ligeiramente: o prefixado do Tesouro IPCA+ 2029 caiu para 7,98% e o IPCA+ 2050 para 7,02%.

Entre os títulos prefixados, o Tesouro Prefixado 2028 passou de 13,48% para 13,37% e o de 2032 de 13,89% para 13,79%. O aumento do custo de captação sinaliza que o mercado está exigindo um prêmio maior por risco fiscal.

Perspectivas para investidores de longo prazo

Analistas recomendam distribuir a carteira:

  • Tesouro Selic 2028 – reserva de emergência, rentabilidade Selic + 0,05% ao ano.
  • Tesouro Prefixado 2028 – prazo intermediário, taxa em torno de 13,5% ao ano.
  • Tesouro IPCA+ 2030/2033 (XP Investimentos) e IPCA+ 2040 (Itaú BBA) – foco longo prazo, proteção contra inflação.

O Tesouro IPCA+ 8% ainda é indicado para quem pensa aposentadoria, porque o prêmio de risco compensa a possibilidade de marcação a mercado em caso de resgate antecipado.

Próximos passos e riscos fiscais

Próximos passos e riscos fiscais

Se o governo não apresentar um plano de contenção de gastos, a pressão por juros ainda pode subir. A expectativa é que o Banco Central mantenha a taxa Selic em 15% ao ano até ao menos 2026, mas qualquer mudança nos índices de inflação ou nova medida fiscal pode virar o panorama.

Em resumo, o cenário atual oferece uma oportunidade rara: rendimentos acima da média histórica, porém com alerta constante de que o custo para o Estado está em patamares críticos.

Perguntas Frequentes

Como a isenção do IR afeta o investidor comum?

A medida reduz a arrecadação do governo, o que ele tenta compensar elevando o custo de captação. Para o investidor, isso significa que títulos como o Tesouro IPCA+ passam a oferecer juros reais mais altos, tornando‑os mais atrativos para quem busca proteção contra a inflação.

Qual foi o impacto da rejeição da MP 1.303 nos mercados?

A rejeição deixou o déficit fiscal ainda maior, pois a compensação prevista no aumento do IOF desapareceu. O medo de um vazio nas contas públicas fez os juros subir ainda mais, provocando queda do Ibovespa e alta do dólar nos dias seguintes.

É seguro investir no Tesouro IPCA+ 2029 agora?

Para quem tem horizonte de cinco a dez anos e não pretende resgatar antes do vencimento, o título oferece proteção contra a inflação e um prêmio de risco elevado. O risco maior está no cenário fiscal: se a dívida pública se tornar ainda mais cara, novos títulos poderão apresentar juros ainda maiores.

Qual a projeção de inflação para 2025 e como isso influencia o Tesouro IPCA+?

Especialistas da Ativa Investimentos estimam a inflação em 4,4% para 2025. Como o Tesouro IPCA+ paga a variação do IPCA mais um juro real, a taxa de 8,01% significa que o investidor receberá, em média, cerca de 12,4% ao ano (4,4% + 8,01%). Se a inflação ficar abaixo da previsão, o retorno nominal poderá ser um pouco menor, mas ainda superior à média histórica.

Quais são as recomendações de alocação para quem está começando a investir?

Para novos investidores, o ideal é começar com o Tesouro Selic, que tem liquidez diária e baixa volatilidade. Depois de montar uma reserva de emergência, pode‑se diversificar com o Tesouro Prefixado 2028 (rendimento acima de 13% ao ano) e, gradualmente, incluir o Tesouro IPCA+ 2030 ou 2033 para proteger o poder de compra no longo prazo.

Comentários(6)

Maria das Graças Athayde

Maria das Graças Athayde em 10 outubro 2025, AT 05:03

Gente, a notícia do IPCA+ subindo pra 8,01% traz um alívio pra quem tenta montar a reserva, mas também deixa a gente pensando nas consequências fiscais 😟💰

Thabata Cavalcante

Thabata Cavalcante em 19 outubro 2025, AT 01:51

Ah, mas será que essa alta não vai ser só um truque temporário? O mercado costuma reagir assim, mas depois tudo volta ao normal.

Lucas Lima

Lucas Lima em 27 outubro 2025, AT 22:39

A taxa de 8,01% no Tesouro IPCA+ 2029 reflete um cenário de incerteza fiscal que tem se agravado nos últimos meses. A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco mil reais reduz a arrecadação do governo em cerca de trinta e cinco bilhões por ano. Com menos recursos, o Estado precisa buscar alternativas para financiar sua dívida, o que pressiona os juros reais para cima. Os investidores, por sua vez, exigem um prêmio maior por assumir o risco de crédito do Brasil. Essa dinâmica faz com que títulos indexados à inflação se tornem mais atraentes para quem busca proteção no longo prazo. Ao analisar o histórico, vemos que apenas durante a crise de 2016 a taxa ultrapassou os oito por cento. Naquela época, a recessão profunda e a instabilidade política criaram um ambiente de altos custos de captação. Hoje, embora a economia esteja em expansão, o medo de déficits fiscais persistentes gera um efeito semelhante nos mercados. A adoção da Medida Provisória 1.303 poderia ter amenizado parte da pressão, mas sua rejeição deixou o déficit ainda maior. Com o IBOVESPA recuando e o dólar subindo, o custo de oportunidade de manter recursos em renda fixa aumenta. Para quem tem horizonte de investimento de cinco a dez anos, o Tesouro IPCA+ pode oferecer retornos reais superiores à média histórica. Entretanto, é importante lembrar que resgates antecipados podem sofrer marcação a mercado, reduzindo o ganho efetivo. A diversificação entre Tesouro Selic, Prefixado e IPCA+ ainda é a estratégia recomendada pelos consultores. Mantendo uma reserva de emergência em Selic, é possível enfrentar a volatilidade sem comprometer o objetivo de longo prazo. Em resumo, a taxa atual representa uma oportunidade rara, porém acompanhada de risco fiscal que deve ser monitorado constantemente.

Ismael Brandão

Ismael Brandão em 5 novembro 2025, AT 19:27

Concordo plenamente com a análise anterior; no entanto, vale destacar que a projeção de inflação de 4,4 % para 2025, combinada com o prêmio real de 8,01 %, eleva o retorno nominal esperado para aproximadamente 12,4 % ao ano. Essa taxa supera, em termos reais, a média histórica do Tesouro IPCA+, que historicamente girava em torno de 4,5 % a 5 % ao ano. Assim, para investidores com perfil de longo prazo, esse título pode ser considerado um ativo de alta atratividade, desde que se mantenha vigilância sobre o risco fiscal.

José Cabral

José Cabral em 14 novembro 2025, AT 16:15

Invista no IPCA+ só se estiver disposto a segurar até o vencimento.

Andressa Cristina

Andressa Cristina em 23 novembro 2025, AT 13:03

Olha, 💥 quem acha que tudo volta ao normal está vivendo numa ilusão 🌪️; a realidade fiscal do Brasil é mais complexa que um hype de mercado 📈.

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