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Por Paulo Andrade
dez 3
A ASA, uma agência de análises econômicas, recentemente revisou suas previsões para a economia brasileira, com especial foco na taxa Selic, o principal instrumento de política monetária do país. Em um relatório divulgado no início de novembro de 2024, a ASA aumentou sua projeção para a taxa Selic, sinalizando que espera uma alta nos juros devido às pressões inflacionárias exacerbadas pelo cenário internacional. Este panorama é resultado direto do impacto que a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos tem sobre os mercados globais.
A eleição de Trump aponta para um período de instabilidade política e econômica. Este fator crítico de incerteza afeta não apenas os Estados Unidos, mas também outros países, principalmente aqueles com economias emergentes, como o Brasil. Com Trump no poder, é esperado que ocorra uma política externa mais agressiva e mudanças significativas na economia americana que impactam diretamente a atenção dos investidores para regiões fora dos EUA. A volatilidade do mercado, uma característica já conhecida dos governos Trump anteriores, prenuncia dificuldades para ativos de mercados emergentes.
De acordo com as previsões da ASA, o dólar deve alcançar o valor de R$ 5,80 até o final do ano de 2024. Este aumento na cotação não surpreende os analistas, considerando que a vitória de Trump pode elevar o nível de incerteza no mercado internacional, levando investidores a buscar portos-seguros, como o dólar, e fugindo de investimentos mais arriscados em mercados emergentes como o Brasil. A movimentação para uma economia mais protecionista e as medidas econômicas internas adotadas são fatores que contribuem, essencialmente, para a valorização da moeda americana em relação ao real.
Não apenas para 2024, as previsões continuam pessimistas em relação à economia brasileira em 2025. Fábio Kanczuk, que atualmente ocupa o cargo de diretor de macroeconomia da ASA e já foi diretor do Banco Central, reforça o argumento de que a instabilidade se estenderá para o ano seguinte, com a expectativa de que o dólar atinja R$ 5,90. Esta crescente desvalorização do real não apenas afeta a competitividade internacional do Brasil, mas também tende a pressionar ainda mais a inflação, afetando o poder de compra dos brasileiros.
O cenário que se apresenta para o Brasil exige atenção redobrada dos formuladores de políticas e dos setores empresariais. A elevação da taxa Selic pode ser uma resposta necessária para controlar a inflação, mas traz consigo desafios adicionais, pois o aumento dos juros pode dificultar o acesso ao crédito e inviabilizar investimentos, afetando o crescimento econômico do país. Além disso, a pressão pela valorização do dólar afeta diretamente os custos de importação, o que pode causar um efeito cascata nos preços internos.
No contexto político e econômico atual, a interação entre as decisões políticas dos Estados Unidos e suas repercussões globais toram-se ainda mais críticas. O governo brasileiro precisar adotar estratégias claras para lidar com as flutuações externas, buscando maior estabilização e adaptabilidade frente aos choques internacionais. De maneira geral, o cuidado e a vigilância em relação às políticas internas podem mitigar os efeitos negativos nos próximos anos.